Tuesday 28 April 2009

The Office (US)

A série que começou por ser uma má ideia no início até nos surpreender a meio da segunda temporada parece que atingiu o pináculo do seu génio de comédia. A revolução deve ter chegado à sala dos argumentistas do Greg Daniels que pareciam andar a perder rumo no início desta quinta temporada mas que agora podemos admitir que não há nada de melhor a passar na televisão. Chega-te para lá 30 Rock, o rei da sitcom norte-americana da temporada está em Scranton. Fica um pedaço protagonizado por estes dois monolítos, Rainn Wilson e Ed Helms.

Se o Toby não tivesse interrompido teria largado uma lágrima de alegria. Faltava pouco.

Saturday 25 April 2009

Eastbound & Down

Poderá ser o grande evento da comédia norte-americana neste ano, num momento que a televisão ou nos trás mediocridade (os últimos episódios de How I Met Your Mother, Scrubs) ou pouco de novo. Eastbound & Down tem apenas seis episódios, passou no canal da HBO e apresentou-nos a uma das personagens mais execráveis da história recente. Mas a maior revelação será o tiro certeiro no tom definido por Danny McBride sem ceder a qualquer politicamente correcto.
Eastbound & Down é misoginista, sexista, nada pedagógico e, se não me engano, a terceira frase dita pelo famigerado Kenny Powers (McBride) consegue ser racista e homofóbica ao mesmo tempo. O argumento não é cai no primário, está aliás muito bem escrito, mas louvo a capacidade de ser tão progressista na sua falta de charme e desrespeito total. Acima de tudo é a noção do público que faz esta fórmula vencedora. Um grande exemplo, depois de cinco episódios a comentar os seios de uma das personagens, a série dá um "money-shot" só para quem aguentou todo o abuso, uma piscadela de olho fenomenal que parecia que só por si se torna um gag.
Uma pérola que já vai ter uma segunda temporada embora não tenha recebido grande sucesso de público para lá do culto que já o segue, mesmo com a participação de Will Ferrel.
Merece ser descoberto. Nem que seja para ouvir os tindersticks na banda sonora, e quantos pontos de indie cred é que isto dá?

Monday 13 April 2009

Erratas

Um amigo meu apareceu para me corrigir os erros dos posts anteriores. Antes que assuma a vergonha por ter o domínio da língua tão medíocre, devido a anos fora do país e hábitos de leitura raramente portugueses, lembro-vos que os próprios argumentos do Quentin Tarantino são tão ilegíveis que o próprio realizador paga a uma secretária para re-escrever os textos todos.
Portanto, sem mais demoras e em jeito de desculpas:
great minds write a-like, motherfuckers

Gran Torino (2008)

de Clint Eastwood

Apanhei tarde o novo filme do Eastwood, mas em boa hora ainda. O tipo que ainda não conseguiu fazer um filme fraco nesta época e cuja carreira de realizador desde 1971 oferece clássicos atrás de clássicos em universos que podiam ser para pós-modernos. Muitos acusam-no de excesso de dramatismo, como se tal fosse pejorativo, ou de demagogia norte-americana/republicana, como se tal fosse possível.
Contesto qualquer uma dessas opiniões, a primeira porque não sou digno, ninguém o é, de por em causa a naturalidade dos sentimentos das suas histórias. O segundo caso, relacionado com a corrente política de Eastwood, nunca me parece ser relevante. Sim a bandeira norte-americana flutua e o herói padece de valores superiores. A verdade é que os valores de Walt Kowalski são apenas seus e ele está tão definido por eles que mesmo não no final não posso acreditar que a personagem tenha ganho ou perdido alguma coisa. Perto do fim, na preparação da sua redenção (que de redenção tem pouco), Walt confessa-se pela primeira vez ao padre. A natureza da confissão é tão trivial que o próprio padre não acredita revelando desilusão pelo velho, mas a verdade é que todo o pecado que Walt possa ter feito, ele fê-lo com a consciência tranquila de estar a preservar os seus valores supremos.
Assim, Kowalski torna-se numa personagem seminal da história do cinema moderno. O grande feito do filme é que Eastwood atinge este zénite sem parecer o estar a tentar.
Já não há Scorseses que aguentem este Eastwood. Neste momento, o melhor realizador a trabalhar em Hollywood.

Parks and Recreation

Li algures, ou disse-me alguém, que se uma série de televisão tem que apresentar todas as suas provas durante a sua primeira temporada, coisa que no passado não era relevante e uma série podia só atingir o seu potencial numa terceira ou segunda temporada. Acho que descobri isto numa conversa com o LL Cool R, e se não foi poderia muito ter sido, o que importa é que assim faço a passagem para a estreia de Parks and Recreation, a nova série de Greg Daniels com um cast de sonho para qualquer sitcom norte-americana - Amy Poehler, Aziz Ansari e Rashida Jones. Dentro da tradição do The Office mas agora passado num escritório do governo, Parks and Recreation não é ainda a nova grande maravilha mas, se uma coisa nos ensinou a série anterior de Daniels, fazemos as contas a meio da segunda temporada.