Monday 13 April 2009

Gran Torino (2008)

de Clint Eastwood

Apanhei tarde o novo filme do Eastwood, mas em boa hora ainda. O tipo que ainda não conseguiu fazer um filme fraco nesta época e cuja carreira de realizador desde 1971 oferece clássicos atrás de clássicos em universos que podiam ser para pós-modernos. Muitos acusam-no de excesso de dramatismo, como se tal fosse pejorativo, ou de demagogia norte-americana/republicana, como se tal fosse possível.
Contesto qualquer uma dessas opiniões, a primeira porque não sou digno, ninguém o é, de por em causa a naturalidade dos sentimentos das suas histórias. O segundo caso, relacionado com a corrente política de Eastwood, nunca me parece ser relevante. Sim a bandeira norte-americana flutua e o herói padece de valores superiores. A verdade é que os valores de Walt Kowalski são apenas seus e ele está tão definido por eles que mesmo não no final não posso acreditar que a personagem tenha ganho ou perdido alguma coisa. Perto do fim, na preparação da sua redenção (que de redenção tem pouco), Walt confessa-se pela primeira vez ao padre. A natureza da confissão é tão trivial que o próprio padre não acredita revelando desilusão pelo velho, mas a verdade é que todo o pecado que Walt possa ter feito, ele fê-lo com a consciência tranquila de estar a preservar os seus valores supremos.
Assim, Kowalski torna-se numa personagem seminal da história do cinema moderno. O grande feito do filme é que Eastwood atinge este zénite sem parecer o estar a tentar.
Já não há Scorseses que aguentem este Eastwood. Neste momento, o melhor realizador a trabalhar em Hollywood.

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